5 de abr. de 2013

Decidir

Os sons que te afligem rodopiam nas bocas, dançam no ar e chicoteiam tua pele. Há de novo em ti um medo de futuro, um descompasso de caminho. Pensaras tu que estudarias, irias ao trabalho, tuas pernas enlaçariam pernas e teus braços embalariam uma criança. Mas há sede de justiça em tua garganta e um frêmito de esperança nos olhos. Há nós antes de ti. E os laços atados por teus dedos no peito que é teu indicam outros tipos de nós. Laços atados que amarram medos. Talvez devesses liberá-los para sempre. Talvez devesses deles fazer origami como querias fazer com teus amores secos.
Uma borboleta seria bom. Ela voaria longe e viveria apenas três dias. Os dedos tremem, brincando com os laços. A verdade é que - se é que há verdade - é que tens medo do vento e da liberdade. Tuas asas se esticaram ontem e permaneces parada junto ao abismo sem saber se voarás ou não. Tuas penas sentem o vento fresco - de chuva? - e teus pés se agarram no chão, a medo.
Voarei, sussurras. Voarei. E permaneces parada, magnetizada junto ao abismo.
Estudarias, irias ao trabalho, tuas pernas enlaçariam pernas e teus braços embalariam uma criança. Há lugar para isso no voo. Estudarás, irás ao trabalho, tuas pernas enlaçarão pernas e teus braços embalarão uma criança. Não como na Sessão da Tarde, mas nunca quiseras tons pasteis e uma dublagem ruim. Voarei.
Voarei.
Voarei.
Salto.

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