8 de mar. de 2012

Oito de Março de Dois Mil e Doze

Como eu disse para as minhas calouras e os meus calouros hoje, o Dia Internacional de Lutas da Mulher não é para lembrar como nós somos lindas, maternais, dóceis e gentis. Não somos heroínas de ninguém, não somos alicerce de ninguém. Somos seres humanos completos, nossas próprias heroínas, nos movemos com nossas próprias forças e sangramos nosso próprio sangue.
Fazer piadinha com o 8 de Março não é engraçado, não é original e não é revolucionário. É infantil, bobo e reprodutor de tudo o que todos os programas da grande mídia passam o tempo todo.
O Dia Internacional de Lutas da Mulher é de luta mesmo. É a data em que começou a Revolução Russa e que só começou graças a uma greve de operárias tecelãs. Elas puxaram a Revolução quando o Partido Bolchevique achava que ainda não era a hora, o resto só as acompanhou.
No Dia Internacional de Lutas da Mulher, ninguém deixa de ser estuprada, violada, morta, agredida, assaltada, humilhada só porque é o "nosso dia". Só recebo com alegria os "parabéns" por esse dia do meu avô (e de poucos outros), porque ele me parabeniza por ser uma companheira vibrante de luta e diz que ama me ver no front de batalha (ou seja, fazendo alguma passeata por aí). Porque ele não me parabeniza pelas supostas conquistas do "sexo belo" ou pela minha intensa fertilidade que traz novos homens ao mundo, ele me parabeniza por minhas lutas e por lembrar daquelas que lutaram antes de mim.
No Dia Internacional de Lutas da Mulher, tenho nojinho das campanhas tortas e das mensagens equivocadas que vejo por aí, tenho nojinho daqueles que enfatizam apenas o que já é enfatizado todo santo dia, tenho nojinho dos homens que até no nosso mísero dia querem monopolizar a atenção.
Mas se tem uma coisa que me deixou muito feliz hoje foram minhas calouras e meus calouros. Tudo bem, a programação ficou toda confusa e atarantada, foi um surto meu e do C.A. achar que as calouras e os calouros iam aderir em massa a assistir dois filmes de militância feminista no mesmo dia e o filme sobre a Pagú foi uma decepção. Mas o debate de manhã foi ótimo, com posicionamentos muito interessantes (vindos de calouras e calouros), ninguém apelou para a religião... Calourinhas e calourinhos que estiverem lendo isso: estou encantada com vocês.
E fiquei encantada com "Revolução em Dagenham". Muito bom, muito bem filmado, com personagens apaixonantes e o foco principal todo na greve e na militância. Isso saiu como eu tinha gestado e sonhado.
Acho que esse post ficou meio esparso, um pouco confuso e atirando para vários lados. Faço essa autocrítica. Embora nem todos os posts tenham que ser excelentes (eu ia escrever "geniais", só que comecei a pensar em qual post meu considero genial e cheguei a conclusão que a resposta é "nenhum". Sou louca por achar confortador não estar na prateleira dos gênios? Mais divagações, mais divagações) e estou cansada de coerência de pensamento, de ordenação e Ordem.




Tentando finalizar com alguma coisa decente: não me parabenizem, não me louvem, não me ignorem, não me olhem de cima. Lutem comigo.

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